O novo viajante quer sentir, não apenas visitar
O perfil do turista moderno mudou. Ele não está mais em busca apenas de belas paisagens ou fotos para redes sociais — ele quer vivências memoráveis. Quer mergulhar na cultura local, provar sabores autênticos, se conectar com histórias e voltar para casa com algo transformador.
É isso que define o turismo de experiência. E para as agências, essa mudança representa uma grande oportunidade: deixar de vender destinos genéricos e começar a vender sensações personalizadas. Isso não só diferencia sua operação como aumenta o valor percebido da oferta.
Quando a viagem é sobre emoções, o preço deixa de ser o principal critério.
O que caracteriza um produto de experiência
Um pacote tradicional oferece transporte, hotel e passeios. Um pacote de experiência, por outro lado, entrega algo único. Ele pode incluir:
Aulas práticas com moradores locais (culinária, artesanato, dança).
Roteiros guiados por histórias ou temáticas (ex: “Pelos caminhos do vinho em Mendoza”).
Acessos a lugares não turísticos ou pouco explorados.
Interações com a natureza de forma imersiva.
Momentos surpresa planejados pela agência (um jantar secreto, um presente no quarto, uma carta personalizada).
A diferença está no roteirista. Um agente focado em experiência não apenas agenda atividades — ele curadoria momentos que fazem sentido para o cliente. E isso tem muito mais valor.
Como descobrir o que o cliente quer viver
Vender experiência exige escuta ativa e sensibilidade. É preciso identificar qual é o desejo por trás da viagem. Algumas perguntas-chave ajudam:
“Qual sentimento você quer ter nessa viagem?”
“Você busca descanso, descoberta, conexão, celebração?”
“O que tornaria essa viagem inesquecível para você?”
Essas perguntas revelam intenções emocionais. Com base nas respostas, a agência pode sugerir roteiros com propósito.
Por exemplo: um casal que quer celebrar 10 anos juntos talvez deseje um momento exclusivo no pôr do sol — e não um city tour com 20 pessoas. Um jovem que quer “se reconectar” pode preferir um retiro na natureza ao invés de uma metrópole agitada.
Ouvir transforma o pacote em uma história feita sob medida.
Estratégias para vender experiências no marketing
Não basta montar uma boa experiência — é preciso vender bem. E para isso, o marketing precisa ser sensorial, emocional e narrativo. Dicas práticas:
Use storytelling: narre a jornada, crie um cenário imaginado. “Imagine você, de olhos fechados, ouvindo o canto dos monges no alto de uma colina em Chiang Mai.”
Destaque depoimentos reais com emoção. Ex: “Essa viagem me fez lembrar de quem eu sou. Voltei renovada.”
Trabalhe com vídeos curtos que mostrem pessoas vivendo momentos (e não apenas lugares).
Use gatilhos visuais: imagens com conexão humana, ângulos intimistas, gestos emocionais.
Crie nomes únicos para os pacotes: “Desacelera em Paraty”, “Sabores da Toscana”, “Trilhas da Alma no Jalapão”.
Além disso, ofereça opções de personalização: o cliente pode adicionar elementos à sua experiência. Isso aumenta o ticket médio e o valor emocional.
O resultado: clientes fiéis, defensores e emocionados
Quem compra uma viagem comum pode até voltar satisfeito. Mas quem vive uma experiência autêntica volta transformado. E clientes transformados contam para os outros. Eles escrevem feedbacks emocionantes, marcam a agência nas redes, indicam para amigos e se tornam promotores naturais da marca.
Além disso, experiências bem conduzidas geram memória afetiva. E quem lembra com carinho, compra de novo. A recompra no turismo depende menos de preço e mais da conexão gerada na jornada anterior.
O turismo de experiência exige mais cuidado, sim. Mas entrega um retorno muito maior — financeiro, reputacional e humano. No fim, vender viagem é vender significado. E isso vale mais do que mil cliques.